É essa tua chama que me chama e me queima. E eu inocente
como sou caio na tua lábia e não me ajudas a levantar. Queima-me. Joga-me. Tens
gosto de nostalgia e cigarros. Tens olhos profundos que me interessam e me
afogam. Perco-me em ti, no teu corpo magro que reluz uma luz quase angelical.
Sinto o calor da tua boca cor de sangue na minha nuca. Rendo-me ao teu torpor.
Aconchego-me no teu peito, faço do teu colo meu refúgio. Fecho os olhos e sinto
o prazer. Adormeço. Acordo com o cheiro de café fresco. Levanto-me devagar, a
luz da janela não me permite abrir bem os olhos. Chego despercebida, sento-me e
me pego admirando tua luz que irradia toda a sala e traz uma vida ao ambiente.
Fecho os olhos. A luz, o cheiro de café, teu cheiro, tua respiração rápida. Toda
essa utopia me alucina. Sutilmente abraço-te por trás e sinto teu cabelo macio
no meu rosto, estás sorrindo. Não vejo, mas consigo sentir. Te viras e beija-me
a testa num gesto meigo e protetor.
Beijo-te a mão como sinal de carinho. Calmamente e com uma voz rouca de
sono me pedes um beijo. Beijo-te. Sorrindo seguras na minha cintura e fala no
meu ouvido que adora meu cheiro e meu cabelo bagunçado. Sorrio e baixo o olhar
timidamente. Te afastas com a xícara de café e acendes um cigarro. De longe te
olhando penso: Por que não podes ser só meu? Quanta injustiça! És do mundo.
Quem sou eu para prender-te? Deixo-te voar livre, quem sabe por ironia do
destino não pousas na minha mão? E se não pousar? Que sejas feliz!
Larissa Vilela
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